domingo, 15 de agosto de 2010

Posso escrever?


Conto já com alguns anos a escrever. Começou de uma forma espontânea. A partir do 5º ano, comecei a escrever, escrever muito, como forma de desabafo, até quase de terapia.
A adolescência (ou a pré adolescência) é um período conturbado. Muitas são as dúvidas, os anseios, os medos, a sensação de incompreensão. Eu vivi isso tudo. Estive completamente na “idade do armário”. Sentia-me muitas vezes sozinha. E a escrita era um escape.
E assim tem sido. Até hoje. Escrevo porque adoro escrever. Adoro sentir o gosto das palavras que me saem dos dedos. De formar as frases e ver como as palavras dançam até fazerem sentido.
Já não sei se o faço por ser um escape, um exercício que gosto de fazer, uma maneira de transpor para papel o que sinto, o que vai na alma, o turbilhão de sentimentos que ainda tento digerir, a minha versão do mundo.
Sem a escrita seria um pouco menos feliz. Um pouco menos completa.
Hoje em dia, tenho pena que muitos textos que escrevi se tenham perdido, que os tenha rasgado, que tenha carregado na tecla delete porque achei que já não faziam sentido. Se pudesse, gostava de recuperar tudo isso. Fazer um forward e reler as palavras que naquela altura fizeram sentido, fazer agora uma critica ao que naquele tempo era capaz de fazer.
Na escola, diziam que escrevia bem. Sempre disseram. Mas isso era quando escrevia sobre o que gostava. Escrever por obrigação resultava sempre numa ideia baralhada de frases sem sentido.
O meu homem, ao ler textos meus, alguns com já alguns anos, perguntou-me se eu nunca tinha pensado em escrever para crianças. Eu adoro literatura infantil. Compro livros para crianças e não me envergonho disso. Gosto que me transportem para outros mundos, que me agitem, que me façam sonhar.
Mas escrever para crianças, é outra coisa. E julgo, que será ainda mais difícil do que para adultos.
Aliás, na verdade, nunca pensei escrever para ninguém. Escrevia para mim. Um acto egoísta, talvez. Mas nunca pensei que as minhas palavras pudessem estar à disposição de todos que as quisessem ler.
A ideia de escrever um livro, nem que seja só para mim, começa-me a fazer algum sentido. Nunca tinha pensado a sério nisso. Mas começo a ter vontade de partilhar esta paixão com o mundo.

2 comentários:

Rafaelle Benevides disse...

escrever um livro é algo tão íntimo e um investimento também, acredito assim.

Brenda L. Benetton disse...

ei Claudia. eu estava vagando por blogues a fora e vi o seu. Me encantei com este texto porque finalmente, encontrei alguem igual a mim e que soube expressar aquilo que eu sempre tento para explicar minha paixão por escrever. Fiz meu blogue recentemente e se possivel, passe por lá. E parabéns pelo o seu!