quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Those years

Enquanto descobri o corporate world vi-me obrigada a reformular a forma como usava a internet. De um dia para o outro nem tinha acesso ao email pessoal quando estava no trabalho. Como as redes sociais não estavam ainda em alta na altura decidi colocar em prática o que já há muito tempo desejava - criar um blog!

O tempo passou e declaradamente os dias encolheram no que tocava à facilidade de vir até aqui, de escrever, de desabafar, de colocar em modo eterno os meus pensamentos.

Durante algum tempo pensei em vários rumos para este espaço - torná-lo num espaço de viagens, ou de restaurantes, ou sobre o algarve, ou sobre experiências bibliotecários, sobre familias italianas, ou só sobre amores desfeitos. Mas nada disto faria sentido sem que fosse tudo escrito e fotografado num grande mix, revelando a pouco e pouco quem sou. Mas quem era em 2008, deixou apenas algumas sombras, marcas, aprendizagens. Já não sou uma miúda que mora sozinha e que todos os dias come a massa queimada que tentou cozinhar.

Renasci. Nunca tive um ano tão completo, tão desgastante e ao mesmo tempo tão feliz. Descobri sentimentos que julgava inexistentes. Reforcei a minha forma de ser, de estar, de ajudar quem amo.

E hoje... quase no fim de 2014 sou muito mais e muito mais forte do que alguma vez fui.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Marriage

Uma coisa aprendi com o tempo: relações à la Carrie e Mr Big são doentias. E completamente desgastantes. Secalhar se tiveres 15 ou 17 anos a coisa do começa_acaba_começa_acaba faça mossa mas não destabiliza completamente. A partir daí só é masoquista quem quer. E eu fui durante seis anos. Bolas, fui mesmo masoquista! Por um amor que julgava (na altura) que poderia vencer tudo e todos deixei-me estar com a pessoa mais doentia, instável, dominante, egoísta, hipócrita, arrogante e manipuladora que alguma vez conheci. Até ali tinha vivido seis anos que me ensinaram o que não quero - e que mais vale sozinha do que mal acompanhada - e que me fizeram ver que não deve haver nenhum medo em se estar por nossa conta e risco.
Quando finalmente acordei tudo o que era bom aconteceu na minha vida. E apareceste TU.
E hoje, não posso estar mais feliz por isso!

No entanto, uma das coisas positivas em Carrie e Mr Big é a conversa descontraída sobre o casamento.


Mr. Big: Would you want to get married?
Carrie Bradshaw: Well, I didn't, didn't think that was an option.
Mr. Big: What if it was an option?
Carrie Bradshaw: Why? What? Do you want to get married?
Mr. Big: I wouldn't mind being married to you. Would you mind being married to me?
Carrie Bradshaw: No, no, not, not if that's what you wanted. I mean, is, is that what you want?
Mr. Big: I want you. So, ok.
Carrie Bradshaw: So really, we're, we're getting married?
Mr. Big: We're getting married. Should we get you a diamond?
Carrie Bradshaw: No. No. Just get me a really big closet.

(...)

Mr. Big: That's why you need a diamond... to seal the deal. 


E foi assim que aconteceu, porque inicialmente nem pensei que pudesse ser uma opção. E assim, cá estamos nós, hoje e sempre. E todos os dias cada vez mais fortes.


  Ever Thine, Ever Mine, Ever Ours.

terça-feira, 4 de março de 2014

Diário de uma desempregada #1

O IEFP chama-me para uma única entrevista - colectiva - para comunicar que somos os "felizes seleccionados" para ir a uma entrevista para uma Câmara Municipal. Nada de mal até sabermos que não é trabalho, é "ocupação". E que por isso temos deveres mas não temos direitos. E que vamos continuar com subsídio de desemprego.

Para compor o ramalhete, a ocupação era... num cemitério.

E pergunto-me, mais que nunca: porque é que continuei a estudar, mesmo?

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Do amor

"Quem é que tem a sorte de ter um amor dele ou dela que ama ou que tem, seja amado ou amada? Tenho eu e conheço muitas pessoas que já têm ou que vão ter. Mas, tal como todos os outros apaixonados e todas as outras apaixonadas, desconfio, com calor na alma, que ninguém tem o amor que eu tenho pela Maria João, meu amor, minha mulher, minha salvação.
O amor sai caro - medo de perdê-la, medo do tempo a passar, medo do futuro - mas paga-se sem se dar por isso. Mentira. Dá-se por isso só nos intervalos de receber, receber, receber e dar, dar, dar.
Basta uma pequena zanga para parecer que todo aquele amor desmoronou: "Onde está esse teu apregoado amor por mim (de mãos nas ancas), agora que eu preciso dele?"
Quanto maior o amor, mais frágil parece. Quanto maior o amor, mais pequeno é o gesto que parece traí-lo. Mas com que alegria nos habituamos a viver nesse regime de tal terror!
Maria João, meu amor: o barulho que faz a felicidade é ouvires-me a perder tempo a resmungar e a pedir que tudo continue exactamente como está, para sempre. Que nada melhore. Que não tenhamos mais sorte do que já temos. Que nada mude nunca, a não ser quando mudamos juntos. E que fiquemos sempre não só com o que temos mas um com o outro.
É este o tempo que eu quero que dure, tu és o amor que eu tenho. Nunca te demores quando estás longe de mim, tem sempre cuidado, trata-te nas palminhas, que, cada vez que olho para ti, o meu coração cresce e eu amo-te cada vez mais. "

Miguel Esteves Cardoso, in 'Jornal Público' (14 Fevereiro 2013)

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

De volta

Este blog enquanto esteve fechado não teve grandes entradas. A ideia era que pudesse ser uma fuga, um escape a toda a porcaria que o mundo laboral me tinha trazido.
Mas durante muito tempo nem me senti capaz de transpor em palavras o que me ia cá dentro. Escrevi algumas coisas mas todas elas eram demasiado fatídicas e tristes. E por isso nem tenho grande vontade de as reler.

Hoje, passaram-se alguns meses desde o meu último dia de trabalho e sinceramente não posso dizer que esteja curada. A última coisa que tenho vontade é de reingressar em ambientes que a única coisa que trazem é dissabores.

Gostava de dizer que cresci e que ganhei defesas mas isso não é verdade. Estou mais atenta, mas cá dentro ainda sou a menina ingénua que acredita nas pessoas.

E por ser essa menina que ainda acredita no mundo continuo a sofrer bastantes desilusões.

Hoje é mais um dia para dizer: estou desempregada e feliz. Sim. É verdade. O dinheiro de mês para mês encurta e isso é cada vez menos viável e basicamente é a única coisa que me põe uma corda na garganta. De resto... estou grata por tudo o que tenho na minha vida. O meu amor, a minha família, as minhas meninas, os meus amigos (que não vejo tanto quanto desejaria mas que sei que estão presentes), o meu calor, o meu porto de abrigo.

Sou feliz. E não há muita gente que o possa dizer.