quinta-feira, 8 de julho de 2010

De um país atrasado ou de um país que não quer arriscar


Por uma vez ou outra, fui acusada de ter ideias demasiado vanguardistas. Demasiado "à frente". Que o tempo não era oportuno. E que para lá chegar haveríamos ainda de ter de desbravar muito caminho. E que não o poderia fazer sozinha. 
Lá pelo meio, (na altura), culpavam a irreverência da idade. Do querer fazer mais e melhor, de querer ver para além dos limites, não passava de algo, que quando a adolescência passasse, me passaria também.

Mas não.

Sofro irremediavelmente do querer fazer mais. E de não me limitar ao que está aparentemente estabelecido e que já foi repetido milhares de vezes. E que por ter sido repetido milhares de vezes, já não traz nada de novo. E assim aparentemente não se correm riscos. Mas não interessa. É preferível ficar-se por aí, do que arriscar a fazer algo novo.

Vejo os mesmos bibliotecários a falarem sempre das mesmas coisas. Vejo os mesmos bibliotecários a implementarem o mesmo género de projectos. A não saberem lidar com as novidades. Nem com a gestão do conhecimento. Nem com a biblioterapia. Acham que isso não são caminhos para eles. Que a rotina implementada é a correcta e nada mais se pode fazer.

Os profissionais da informação e da documentação em Portugal ainda são (muitos deles) velhos do Restelo. E não deixam de funcionar como um circulo fechado, em que todos se dão palmadinhas nas costas e decidem pôr um entrave a novas ideias.

Quando uma prática bibliotecária já é usada desde a Segunda Guerra Mundial, e em Portugal quase não se fala dela no ano de 2010, que significa isto?

Se alguém (um aluno, numa licenciatura em Ciências da Informação e da Documentação), pega nessa prática, e faz um trabalho fundamentado em bibliografia de outros países, e é penalizado, porque outro alguém (professor e profissional da área há alguns anos) diz que não pode avaliar o trabalho (e decide dar negativa) porque não tem conhecimentos para o avaliar?

O que se passa aqui?

Afinal quem está errado?

Afinal porque é que não querem evoluir?

Afinal não passa tudo de um meio castrador?

Conheço uma geração de bibliotecários que me parece estar à frente das outras gerações, que já por cá andam há demasiado tempo. 

E é essa geração, que eu espero que faça a diferença. Porque ainda há muito para fazer.

O Brasil, que muitos portugueses consideram um país atrasado, é, sem sombra de dúvida, muito mais desenvolvido em determinadas matérias que nós.

E já tive vontade de fazer as malas e rumar até lá...

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