Por uma vez ou outra, fui acusada de ter ideias demasiado vanguardistas. Demasiado "à frente". Que o tempo não era oportuno. E que para lá chegar haveríamos ainda de ter de desbravar muito caminho. E que não o poderia fazer sozinha.
Lá pelo meio, (na altura), culpavam a irreverência da idade. Do querer fazer mais e melhor, de querer ver para além dos limites, não passava de algo, que quando a adolescência passasse, me passaria também.
Mas não.
Sofro irremediavelmente do querer fazer mais. E de não me limitar ao que está aparentemente estabelecido e que já foi repetido milhares de vezes. E que por ter sido repetido milhares de vezes, já não traz nada de novo. E assim aparentemente não se correm riscos. Mas não interessa. É preferível ficar-se por aí, do que arriscar a fazer algo novo.
Vejo os mesmos bibliotecários a falarem sempre das mesmas coisas. Vejo os mesmos bibliotecários a implementarem o mesmo género de projectos. A não saberem lidar com as novidades. Nem com a gestão do conhecimento. Nem com a biblioterapia. Acham que isso não são caminhos para eles. Que a rotina implementada é a correcta e nada mais se pode fazer.
Os profissionais da informação e da documentação em Portugal ainda são (muitos deles) velhos do Restelo. E não deixam de funcionar como um circulo fechado, em que todos se dão palmadinhas nas costas e decidem pôr um entrave a novas ideias.
Quando uma prática bibliotecária já é usada desde a Segunda Guerra Mundial, e em Portugal quase não se fala dela no ano de 2010, que significa isto?
Se alguém (um aluno, numa licenciatura em Ciências da Informação e da Documentação), pega nessa prática, e faz um trabalho fundamentado em bibliografia de outros países, e é penalizado, porque outro alguém (professor e profissional da área há alguns anos) diz que não pode avaliar o trabalho (e decide dar negativa) porque não tem conhecimentos para o avaliar?
O que se passa aqui?
Afinal quem está errado?
Afinal porque é que não querem evoluir?
Afinal não passa tudo de um meio castrador?
Conheço uma geração de bibliotecários que me parece estar à frente das outras gerações, que já por cá andam há demasiado tempo.
E é essa geração, que eu espero que faça a diferença. Porque ainda há muito para fazer.
O Brasil, que muitos portugueses consideram um país atrasado, é, sem sombra de dúvida, muito mais desenvolvido em determinadas matérias que nós.
E já tive vontade de fazer as malas e rumar até lá...
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