domingo, 4 de julho de 2010

Chorei ontem perto de ti, porque não consegui evitar pensar naquela tarde.
Naquela tarde em que sentada num banco na Costa da Caparica, tu me dizias que eu tinha de fazer uma licenciatura, que só assim seria mais fácil subir a nível laboral, ter mais oportunidades, e um maior conforto a nível económico.
Eu não queria nessa altura. Não queria e também não podia. E, às tantas, já achava que não tinha capacidade para remar contra uma área do conhecimento que não ia ao encontro das minhas expectativas.
E naquele momento tinha medo de ter feito mais um curso que não me adiantaria muito a nível profissional. Mas por outro lado, nesse dia, acabei por te dizer que secalhar seria feliz assim, com um curso técnico e a fazer formações pontuais. Mas não. Precisei de mais. Enganei-me em relação a mim própria.
Ontem chorei, porque me apercebi que muita coisa tinha acontecido ao contrário do que era esperado.
Eu, de facto, não acabei a licenciatura em Ciências Sociais. Mas parti para outra, que me fez ter a vontade de aprofundar cada vez mais conhecimentos na minha área.
Só conseguia pensar, que tu, estavas ali. Estavas ali ao meu lado, a perder o teu tempo, a queimar os neurónios, a obrigar-me a aprender e a trabalhar. Estavas-me a dar a tua força, o teu tempo, a tua capacidade de luta.
E não consegui perceber porque não fazias o mesmo contigo. Porque é que não punhas toda essa determinação a funcionar centrada em ti, e tornavas a tentar. Noutro sítio. Onde quisesses. Fazias um esforço. Três anos passam num instante. E tu sabes que tens capacidade para levar a tua avante.
Antes, eras tu que te ias licenciar. E que fazias planos e planos de pós-graduações. E doutoramentos. E que perspectivavas um futuro a ganhar razoavelmente bem. A seres técnico superior. E a actualizares-te. Sempre.
Eu na altura andava algo perdida. Mas agora sinto que encontrei um rumo. E agora, pergunto-me se saberás ainda onde queres desembarcar?
E hoje, pergunto-me, se não estarás a embrutecer? Se não estarás a cair no caminho de que tanto te querias afastar?
Onde estou eu? Que fiz eu até aqui? Que idade tenho? Porque oportunidades lutei? Quanto me quis actualizar? Saber mais? Estar mais atenta?
AS coisas não acontecem por acaso. O que o Homem planta, o Homem colhe.
E espero que um dia, muito brevemente, te veja a colher os frutos daquilo que plantaste. Não só por estares ao meu lado e seres um dos meus pilares. Mas também porque te quero ver a crescer. E a sorrir. Por ti. Sem medo de arriscares no que és. Nas tuas capacidades. E de deixares essa capa dura que às vezes pões. E de seguires os teus sonhos. Comigo.

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