Pois é. Berslusconi quer queiramos quer não, é o líder político de Itália e logo também seu representante.
Por ocasião do G20 em conversa com o meu pai sobre situações menos felizes relacionados com o comportamento do senhor B., o meu pai exclama: "Assim até tenho vergonha de ser italiano". Achei um exagero tremendo. Então que diria eu que sou mitad-metade? Que tenho vergonha da ignorância com que fala CR? Que tenho vergonha do Alberto João? Que tenho vergonha por Mário Soares ter andado a cavalo numa tartaruga? Que tenho vergonha do escândalo Casa Pia? Que tenho vergonha do Avelino Ferreira Torres e da Fátima Felgueiras? E que... também tenho vergonha de Berlusconi. (mas não, não tenho vergonha de ser metade Italiana, nem metade portuguesa)
Sim, tenho vergonha dele. Tenho vergonha da forma como se comporta, das saídas tristes e desapropriadas que tem. Não percebo muito bem como continuam a elegê-lo. Também voto em Itália e nas últimas eleições fui bombardeada com informação partidária e promessas vindas do partido dele.
Dos outros nada.
Não estou dentro do panorama político de Itália, não sei o que outros fazem ou deixam de fazer, apenas tenho a confirmar que Forza Italia sabe (soube) bem o que é o marketing e como se usa. E talvez seja assim que muitos italianos se iludem. Não votei. Ou melhor, votei, mas deixei o boletim em branco. Senti que me queriam fazer um brainwash daquele partido e que houve falta de informação das outras partes.
Li há uns tempos atrás que Itália parou no tempo. È o mesmo país de há 20 anos atrás. E isso é grave. Porque Itália é um país com imensa história, com locais lindíssimos e com imenso potencial. Ela deveria ser o cenário perfeito para o romance, para o desenvolvimento cultural, não para a mixórdia de confusão de uma país cada vez mais envolvido e engolido pela máfia.
Um só dirigente, uma só pessoa não pode representar todo o povo. Aliás, não concordo quando se diz que a raça X ou a raça Y são isto e aquilo e que o povo X ou Y é porco, feio e mau.
Acredito nas pessoas e no que elas podem fazer. Acredito em cada um como um ser único, com as suas capacidades e limitações. Mas também acredito nos italianos. Não deixa de ser também o meu povo. E por isso o sismo de L'Aquila mexeu tanto comigo. E por isso achei hediondo o que Berlusconi disse.
Não tenho vergonha de se nem italiana, nem portuguesa. Eu sou eu. Uma mistura de nacionalidades, com uma educação muito própria que felizmente também me ajudou a ter dois dedos de testa.
Mas lá no fundo tenho uma sentimento de amor-ódio por Itália que não sei explicar.
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