A pouco e pouco tenho tentado recuperar minha vida. Eu própria sei que preciso de renascer depois de tanta dor que tenho sentido.
Não é fácil.
Não tem sido fácil.
As forças que me acabaram, a pouco e pouco têm voltado.
E tenho-me forçado a manter uma vida minimamente normal.
Porque se cá estivesses quererias que fosse feliz.
Que pegasse no carro e que fossemos dar uma volta até Cascais.
Apanhariamos vento e fresquinho.
Veríamos o mar no Guincho.
Beberiamos um chá bem quente no Outeiro.
Faríamos a nossa sessão de SPA caseiro no regresso.
Eu dar-te-ia o braço para passearmos na rua.
Falariamos de tudo.
Do mundo, da vida, das bibliotecas, do teatro, das notícias, de política, do tempo.
Sinto tanto a tua falta.
E sei que não estás à distância de um telefonema, nem de uma viagem de comboio.
E é isso que dói. Porque a saudade mata.
E não sei se alguma vez mais estaremos juntas.
Sinto tanto tanto a tua falta.
Foste avó, foste mãe, amiga, confidente. Foste tudo o que poderia desejar.
Não estás cá. E eu morro de saudades tuas.