Trabalhar paredes meias com um hospital, implica fazer também um bocadinho de psicologia na paragem do autocarro.
Quando sai ontem do trabalho, tive direito a ouvir a história da vida de uma senhora já com uma certa idade. Isto acontece-me com uma certa regularidade, especialmente quando vou ao médico com a minha avó, mas agora já percebi que vai ser o pão nosso de cada dia.
Devo ter um ar fofinho e simpático, e as velhotas lá devem pensar: Ai que menina tão querida, deixa-me lá desabafar! E eu oiço, oiço e dou conselhos e palavras de alento. Às vezes chega a um ponto em que até é chato ouvir tanta doença, mas por outro, penso na solidão em que muita desta gente deve viver. E aí repenso em todos os projectos acerca de arte, educação e bibliotecas que já desenvolvi na teoria e que espero brevemente pôr em prática. Porque acho que ainda há muita coisa a revolucionar. E este é um público alvo que cada vez crescerá mais e que precisará de mais atenção.
E se já vêm ter comigo estando eu sossegadita no meu canto, pode ser que na abordagem directa num contexto especifico também me corra muito bem.
E que possa dar-lhes um sorriso. E um pouco de carinho. E de bem-estar.
2 comentários:
Claudia, gostei tanto de saber que tens o dom de ouvir as pessoas de uma certa idade, que nem imaginas :)
Só querem unicamente que as ouçam, não é? E se colocarmos um sorriso nos lábios enquanto as ouvimos, ficam tão felizes!
Acho que não é só o dom de ouvir, também tenho muita vontade de fazer actividades com eles. Hoje em dia estão tão esquecido e precisam tanto de nós...
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