O tempo ensina-nos muita coisa. Ensina-nos que os Invernos são difíceis de passar. Que os dias pesam cada vez mais e o cinzento deixa de ser apenas o do céu, mas também o do nosso coração.
O tempo ensinou-me a conhecer-me melhor. A saber o que posso e não posso. Aprendi que não posso comer um chocolate inteiro. Nem enfardar sushi como se não houvesse amanhã.
Ensinou-me que se me enervo tenho uma crise gástrica. Que se não durmo fico nauseada. Que o café tem um efeito limitado.
Que o meu coração parte-se com facilidade. Que sou um tanto ou quanto instável emocionalmente.
Que há tanta coisa que gosto, mas tão pouca que me vejo a fazer profissionalmente.
O tempo ensinou-me que as pessoas são mesquinhas, insensiveis, pouco humildes. O tempo ensinou-me a dar valor a quem está presente. A quem sabe dar a mão.
O tempo demonstrou-me que a minha paixão pelo verão tem razão de ser. Os dias quentes, as tardes para esplanadar, a praia, os piqueniques, os passeios até tarde, as havaianas, os gelados, o conduzir sem destino de janela aberta...
O verão proporciona-me mais facilmente a capacidade de sonhar. De não ter tanto os pés na terra. De fingir que voltei à infância, mas podendo aproveitar a parte boa de ser adulta.
O tempo demonstrou-me que as relações nem sempre são fáceis, mas que sabermos viver, conviver, partilhar e aceitarmos o outro faz parte de crescer interiormente.
O tempo passa tão rápido que quase nem quero acreditar que os 30 estão mais próximos que os 20.
Que não fiz grandes planos, mas que fui tendo projectos e ambições.
Se olhar para trás, não tenho qualquer ideia de pensar o que estaria a fazer aos 28 anos. Sei que pensei que gostaria de ser mãe aos 30. E ter montes de cães e gatos. Ser feliz. Estar rodeada das pessoas que amo. Fazer o que gosto.
Que hoje, continuo com a minha
wish list mais terra a terra e com muitos sonhos na gaveta e encerrados a sete chaves no coração. Porque não há tempo, ou dinheiro, ou disponibilidade emocional.
Porque me esqueci de sonhar. Ou de sonhar como sonhava. Porque aprendi a acomodar-me. E isso assusta-me.