Este não quer vir morar comigo?
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
segunda-feira, 1 de outubro de 2012
O meu maior medo
O amor em todo o coração e em toda a parte se procura. Já anima a possibilidade
de ser encontrado e a incerteza de não passar o resto da vida sem poder amar e
sem poder ser amado. O que custa é acreditar
naquilo que se tem, quando todos os dias, ao longo de longos anos, se consegue encontrar esse amor que se procura, na pessoa que se ama e no lugar e no tempo — aqui, agora, daqui a bocadinho — em que mais gostamos de encontrá-lo.
Hoje a Maria João e eu fazemos doze anos de casados e a única esperança que eu tinha — que se tornasse mais fácil acreditar na sorte que me coube na pessoa que ela é e na cegueira de olhar uma segunda vez para
mim — acabou por ser mentira.
Há um castigo para tudo: até para a maior felicidade. É o medo não só que tudo acabe mas que se descubra, de alguma maneira, que nunca tenha começado. Por exemplo, se ela se apaixonasse por outra pessoa.
“Não vai durar, não pode durar, é bom de mais para durar”: é isto que repito no êxtase da minha alegria roubada ao sol, como se o nosso amor e a nossa vida um com o outro fossem um prazer retumbante com um fim à vista, naturalmente aceite quando chega, como comer um gelado.
Mas dura e, quanto mais tempo dura, mais medo tenho que esteja mais perto de acabar. Não há habituação possível a esta felicidade. Não há conforto nenhum na passagem dos anos por este amor.
Cada vez mais, torna-se a única coisa que peço a Deus e a ela: Maria João, por favor,não me deixes nunca.
Miguel Esteves Cardoso na edição do Público de 30/09/2012
naquilo que se tem, quando todos os dias, ao longo de longos anos, se consegue encontrar esse amor que se procura, na pessoa que se ama e no lugar e no tempo — aqui, agora, daqui a bocadinho — em que mais gostamos de encontrá-lo.
Hoje a Maria João e eu fazemos doze anos de casados e a única esperança que eu tinha — que se tornasse mais fácil acreditar na sorte que me coube na pessoa que ela é e na cegueira de olhar uma segunda vez para
mim — acabou por ser mentira.
Há um castigo para tudo: até para a maior felicidade. É o medo não só que tudo acabe mas que se descubra, de alguma maneira, que nunca tenha começado. Por exemplo, se ela se apaixonasse por outra pessoa.
“Não vai durar, não pode durar, é bom de mais para durar”: é isto que repito no êxtase da minha alegria roubada ao sol, como se o nosso amor e a nossa vida um com o outro fossem um prazer retumbante com um fim à vista, naturalmente aceite quando chega, como comer um gelado.
Mas dura e, quanto mais tempo dura, mais medo tenho que esteja mais perto de acabar. Não há habituação possível a esta felicidade. Não há conforto nenhum na passagem dos anos por este amor.
Cada vez mais, torna-se a única coisa que peço a Deus e a ela: Maria João, por favor,não me deixes nunca.
Miguel Esteves Cardoso na edição do Público de 30/09/2012
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